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14 de jan. de 2013

265 e 266 - Escolha das provas - Vida Espírita


Vida espírita

Escolha das provas

265. Se alguns Espíritos escolhem o contato com o vício como prova, há aqueles que o escolhem por simpatia e desejo de viver num meio conforme seu gosto, ou para se entregar completamente às tendência materiais(1)

– Há, sem dúvida. Mas só fazem essa escolha os que têm o senso moral ainda pouco desenvolvido; a provação está em viver a escolha que fizeram e a sofrem por longo tempo. Cedo ou tarde, compreenderão que a satisfação das paixões brutais traz conseqüências deploráveis, e o sofrimento lhes parecerá eterno. Poderão permanecer nesse estado até que se tornem conscientes da falta em que incorreram, e então eles mesmos pedem a Deus para resgatá-las em provas libertadoras.

266. Não parece natural escolher as provas menos dolorosas ?

– Para vós, sim; para o Espírito, não. Quando se está liberto da matéria, a ilusão cessa e a forma de pensar é outra.
"O homem na Terra, sob a influência das idéias terrenas, vê nas suas provas apenas o lado doloroso. Por isso lhe pareceria natural escolher as que, em seu ponto de vista, pudessem se conciliar com os prazeres materiais. Porém, na vida espiritual, compara esses prazeres ilusórios e grosseiros com a felicidade inalterável que percebe, e, então, nenhuma importância dá aos sofrimentos passageiros da Terra. O Espírito pode, em vista disso, escolher a prova mais rude e, conseqüentemente, a mais angustiosa existência, na esperança de atingir mais depressa um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar mais depressa. Aquele que deseja ver seu nome ligado à descoberta de um país desconhecido não escolhe um caminho florido; sabe dos perigos que corre, mas também sabe da glória que o espera se for bem-sucedido.
A doutrina da liberdade na escolha de nossas existências e das provas que devemos suportar deixa de causar espanto ou surpresa, se considerarmos que os Espíritos livres da matéria apreciam as coisas de maneira diferente da nossa. Percebem que há um objetivo, bem mais sério do que os prazeres ilusórios do mundo e, após cada existência, vêem o passo que deram e compreendem o que ainda lhes falta de pureza para atingi-lo. Eis por que se submetem voluntariamente a todas as alternâncias e às dificuldades da vida corporal, pedindo, eles mesmos, aquelas que lhes permitam alcançar mais prontamente o objetivo a que almejam. Não há, portanto, motivo de estranheza no fato de o Espírito não escolher uma existência mais suave. No estado de imperfeição em que se acha, o Espírito não pode querer uma existência feliz, sem amargura; ele a pressente e antevê, e é para atingi-la que procura melhorar-se.
Não temos, aliás, todos os dias, perante os olhos, exemplos de experiências parecidas? O que faz o homem que trabalha uma parte de sua vida, sem trégua nem descanso, para reunir posses que lhe garantam o bem-estar, senão uma tarefa que se impôs tendo em vista um futuro melhor? O militar que se arrisca numa missão perigosa, o viajante que enfrenta os maiores perigos no interesse da ciência ou de sua fortuna; o que isso representa, senão provas voluntárias que lhes devem proporcionar honra e proveito, se forem bem-sucedidos? A que não se submete e não se expõe o homem por seu interesse ou glória? Os concursos não são também provas voluntárias às quais se submete, para se elevar na carreira que escolheu? Não se chega a uma posição importante, qualquer que seja, nas ciências, nas artes, na indústria, senão passando por posições inferiores que são também provas. A vida humana é uma cópia da vida espiritual, na qual encontramos, em escala pequena, todas as mesmas peripécias. Se, na vida terrestre, escolhemos freqüentemente as provas mais rudes, visando a um objetivo mais elevado, por que o Espírito, que vê mais longe e para quem a vida terrestre é apenas um incidente passageiro, não escolheria uma existência laboriosa e de renúncia, sabendo que ela deve conduzi-lo a uma felicidade eterna? Aqueles que dizem que, se o homem tem o direito de escolha de sua existência, pediriam para ser príncipes ou milionários são como míopes, que vêem apenas o que tocam, ou como crianças gulosas, às quais, quando se pergunta que profissão pretendem, respondem: pasteleiros ou confeiteiros.
Como um viajante que, no fundo do vale embaçado pelo nevoeiro, não vê a distância, nem os pontos extremos de seu caminho; mas, uma vez chegado ao cume da montanha, divisa o caminho que percorreu e o que lhe resta percorrer; vê seu objetivo, os obstáculos que ainda tem a transpor e pode, então, planejar com mais segurança os meios para atingi-lo. O Espírito encarnado é semelhante ao viajante no fundo do vale. Liberto dos laços terrestres, sua visão tem o completo domínio da sua destinação, como aquele que está no cume da montanha. Para o viajante, o objetivo é o repouso após o cansaço; para o Espírito, é a felicidade suprema após as dificuldades e as provas.
Todos os Espíritos dizem que, na espiritualidade, pesquisam, estudam e observam para fazer sua escolha. Não temos um exemplo desse fato na vida corporal? Não procuramos freqüentemente, durante anos, a carreira em que fixamos livremente nossa escolha, por acreditarmos ser a mais apropriada para fazermos nosso caminho? Se fracassamos numa, escolhemos outra. Cada carreira que abraçamos é uma fase, um período da vida. Cada dia não é empregado para planejar o que faremos no dia seguinte? Portanto, o que são as diferentes existências corporais para o Espírito senão etapas, períodos, dias de sua vida espírita, que é, como sabemos, sua vida normal, uma vez que a corpórea é apenas transitória e passageira? 

(1) As perguntas feitas aos Espíritos estão em letras normais e as repostas destes estão em grifo. As notas de Allan Kardec estão entre aspas.

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